terça-feira, 29 de outubro de 2013

Crimes de transito aumentam no ES

Após a suspeita de que o acidente que causou a morte de uma universitária no último domingo (27), em Guarapari, teria sido provocado por um racha, a falta de punição voltou a ser discutida.

Carolina Carriço, de 18 anos, estava no carro com o namorado Felipe Braga, que dirigia em alta velocidade no momento do acidente. A suspeita é de que eles estariam disputando um racha com outro carro.

Em setembro, o senado aprovou um projeto que prevê o aumento do valor da multa para quem participar de racha. O valor que hoje é de R$ 574 passaria para R$ 1, 915, e o motorista teria o direito de dirigir suspenso e o veículo apreendido.

O projeto ficou conhecido como Lei do Racha e ainda precisa passar pela Câmara para ser aprovado. Porém, segundo o delegado Fabiano Contarato, isso não vai diminuir o número de acidentes causados por rachas. “Eles querem aumentar a arrecadação, mas não estão preocupados em tirar esses péssimos motoristas das ruas”, disse.

O delegado explica que, pelas leis brasileiras, é complicado punir quem participa de rachas. “O crime de racha está previsto no artigo 308 do Código de Trânsito, com pena de seis meses a dois anos. Só que a lei brasileira determina que em todo crime com pena de até dois anos, o delegado não pode nem autuar em flagrante, nem exigir fiança. Lavra-se simplesmente um termo circunstanciado, que é um termo de compromisso no qual você se compromete a comparecer na justiça quando for chamado. Assina e vai embora”, disse o delegado.

Segundo Contarato, o artigo 320 do Código de Trânsito Brasileiro determina que todo o dinheiro arrecadado com multas deve ser aplicado na manutenção de estradas e em programas de fiscalização, mas não é isso que acontece.

Outra falha que Contarato destaca é que, em muitos casos, a punição pelo crime é substituída por outras condenações, como a distribuição de cestas básicas. “O poder público está falhando na fiscalização, o poder público falha na educação. São onze crimes, sendo que, mesmos sendo condenados com a morte, o juiz tem que substituir a pena de prisão por restritiva de direito. Assim, entra em cena a famigerada cesta básica, que, na minha concepção, condena duplamente a família da vítima, que perde um ente querido e ainda vê a vida do filho transformada em cesta básica”, afirma.


O motorista Felipe Vargas Braga foi transferido para um hospital particular na Serra e está internado na UTI. De acordo com os médicos, o quadro do rapaz é considerado grave.
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