segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Mudar de carreira exige dedicação, pesquisa e planejamento; veja dicas


No final do ano passado, Juliana Magalhães, de 22 anos, e Larissa Santos, de 28 anos, deixaram seus cargos em uma agência de viagens de turismo corporativo para mudar de área e investir em seu sonho, uma assessoria de casamentos. Mas, a virada na carreira não foi tão fácil assim, elas pesquisaram o mercado, se especializaram e ainda ficaram no antigo emprego por 8 meses até a mudança de área se concretizar.  "Estávamos em um emprego com bom salário e todos os benefícios que um funcionário pode querer. Porém, era com os casamentos que nos sentíamos completas", diz Juliana. “As sextas-feiras eram nossos dias favoritos porque sabíamos que no dia seguinte faríamos aquilo que tanto nos motivava”, completa Larissa. Hoje, elas organizam cerca de três casamentos por mês e estão com a agenda cheia para setembro e outubro, que se tornaram os preferidos das noivas.

Nem todo mundo tem a coragem de mudar de carreira, como Juliana e Larissa, mas muita gente tem vontade de "chutar o balde" e fazer outra coisa. Uma pesquisa da Pactive Consultoria apontou que 32% dos entrevistados já pensaram em largar tudo e começar uma nova carreira algumas vezes, e 26% muitas vezes. Além disso, 65% deles gostariam de fazer algo mais ligado à sua personalidade.

Veja 6 dicas para mudar de carreira
1 - Descubra se você realmente quer mudar de carreira ou se está cansaço das atividades do dia a dia, da postura do chefe ou decisões da empresa
2 - Estude o mercado, faça cursos ou especializações na nova área de atuação
3 - Procure profissionais que trabalham no novo ramo e utilize o networking
4 - Faça um planejamento financeiro para encarar  períodos de 'vacas magras'
5 - Aceitar cargos inferiores pode ser uma boa forma de iniciar a nova carreira
6 - Caso a mudança não dê certo, não tenha medo de voltar para a antiga área; se possível atue nas duas até conseguir se firmar na nova
Há cerca de três anos e meio, elas se conheceram em uma rede de hotéis e, em seguida, mudaram para a agência de viagens de turismo corporativo. "Nesse meio tempo, o namoro com eventos sociais começou", conta Larissa.
Com o mercado de eventos em constate crescimento, elas começaram a estudar estratégias para aproveitar o momento. "Estudamos o mercado, fizemos cursos e quando nos sentimos preparadas a empresa nasceu", conta Juliana.
Atualmente, com escritório próprio e dedicação exclusiva aos casamentos, elas confessam que trabalham mais do que antes e não atingiram a renda que tinham. "Mas, a satisfação de realizar nosso sonho e trabalhar com o que amamos é a nossa maior recompensa", diz Larissa. Para o futuro, o plano é criar um ateliê em que a noiva saia com o casamento pronto e ainda abrir uma filial em Salvador.
Primeiros passos
Segundo Angelo Meniconi, diretor de transição de carreira da Lee Hecht Harrison | DBM, os profissionais devem fazer uma profunda reflexão antes de decidir quais serão os novos rumos de sua carreira. "É preciso pensar nas principais competências, naquilo que me desafia ou mesmo imaginar como seria essa nova carreira. Se a pessoa simplesmente quiser mudar de carreira por algumas insatisfações, a probabilidade de não dar certo é grande, pois ele pode encontrar exatamente as mesmas coisas em outra atividade."

Cansaço das atividades do dia a dia, da postura do chefe ou das decisões da empresa não devem ser encarados como motivos principais para a mudança. "Normalmente quando o problema é a nossa carreira, a infelicidade é muito maior. Existem sinais que indicam que a pessoa não suporta mais fazer o que está fazendo, independentemente do chefe ou da empresa", afirma Sergio Gomes, partner consulting da Havik.

Segundo ele, férias e variar as tarefas do dia podem ajudar a reduzir a sensação de insatisfação. Já sobre o chefe, ele indica que o profissional pense se estaria feliz fazendo o mesmo trabalho tendo outro superior. Se a resposta for positiva, o problema está nessa relação e não na atividade.
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Após descobrir a real motivação para a mudança, o profissional precisa analisar seu perfil e qualificações para planejar a transição. Retomar os estudos e se especializar são os primeiros passos para alcançar o objetivo. Estudar o mercado e analisar as possibilidades de encontrar uma nova colocação ou quais são as reais chances de abrir seu próprio negócio são as medidas seguintes. "Coaching e conversas com pessoas que já atuam na nova área são boas formas de se preparar para a mudança", ressalta Gomes.
Segundo Gomes, para se inserir no mercado, o profissional deve buscar contatos na nova área e utilizar o networking. "Normalmente é preciso encontrar alguém que compre seu sonho, pois ele não tem experiência". Outra opção seria começar em um cargo inferior comparado à profissão anterior para buscar posições melhores quando tiver mais experiência na área. "Penso que o mais importante é você acreditar quer pode ser bem sucedido nesta nova função e vender a ideia para outra pessoa", completa Gomes.
Cuidados financeiros
De acordo com os especialistas, como a transição pode demorar mais tempo do que o esperado, os profissionais devem se preparar financeiramente para encarar o período de ‘vacas magras’. "Esse período pode se tornar mais longo comparado ao tempo que se leva para encontrar um novo emprego, portanto, é preciso ter algum fôlego financeiro", alerta Meniconi.
Ao analisar o mercado, o profissional terá uma ideia de quanto tempo vai demorar para conseguir uma boa colocação ou alcançar seu rendimento anterior, e assim poderá fazer uma reserva para esse período. "Conheço várias pessoas que encontraram suas profissões, porém não tinham se preparado e tiveram que largar o sonho", afirma Gomes.
Três profissões

Manoela Rodrigues, de 46 anos, acumula três profissões: jornalista, enfermeira e professora. Ela se formou em jornalismo, onde trabalhou por cerca de 14 anos até trocar a área pela enfermagem e docência.
Ela fez curso técnico de enfermagem para cuidar da avó e da tia que precisavam de cuidados médicos. Como todas as faculdades na área eram de período integral, Manoela teve que partir para a sua segunda opção quando começou o curso superior. "A partir do segundo ano, eu estava na faculdade de jornalismo, estagiava em um jornal e ainda trabalhava meio período no hospital", conta.
Antes de se formar ela foi contratada pelo jornal e acabou abandonando a enfermagem. Com a experiência na área, ela cobria assuntos de saúde. Mas, o namoro com a enfermagem permaneceu e após o término da faculdade, em 1990, ela voltou para o hospital, onde trabalhou por mais 6 anos. "Acabei saindo, mas ainda fazia tarefas de jornalismo para o hospital, como assessoria de imprensa."
Entre 1997 e 2006, Manoela trabalhou em assessorias de imprensa e jornais. Mas, quando ela fez 40 anos, seu marido deu a ideia para que ela fizesse uma nova faculdade. "Ele dizia que eu estava chegando em casa chata e desgastada. Descobri que eu adorava escrever, mas não estava mais gostando de ser jornalista."
Após a faculdade de enfermagem, ela engatou uma pós-graduação em docência e foi convidada para dar aulas em uma faculdade do interior de São Paulo. Atualmente, ela tem uma vida bem diferente da época de jornalista, com férias, finais de semana e feriados em casa e salário que ela considera 'mais interessante' do que o da antiga profissão.
Manoela é responsável pela orientação dos alunos durante o trabalho de conclusão de curso e comemora a escolha da nova profissão. "Hoje cumpro meu papel ajudando a formar profissionais melhores, mais humanos e que se comuniquem mais", completa.
Paixão pelo trabalho
"Deveríamos pensar primeiro em que somos apaixonados em fazer, depois no que somos muito bons e apenas por último no que dá dinheiro. Normalmente não é o que acontece, e por este motivo várias pessoas se tornam infelizes", afirma Gomes. Segundo o executivo, os profissionais não devem pensar se a nova função está ou não relacionada com o atual emprego. "Realmente acredito que temos possibilidade de sermos muito melhores fazendo algo que somos apaixonados."

Caso a mudança não tenha dado os resultados esperados, Meniconi indica a retomada da carreira antiga do ponto onde parou. O profissional também pode tentar conciliar a nova ocupação com a antiga. "O importante é monitorar isso de perto e perceber em pouco tempo se devo insistir na mudança ou voltar atrás."

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