Montar a mesa para o café da manhã ficou mais caro. E os
consumidores já notaram, nos últimos meses, o aumento no valor dos produtos nas
prateleiras dos supermercados, como é o caso da telefonista, de Brasília, Maria
Helena.
"Hoje você vai na
padaria e você já vê a diferença. Onde eu costumo comprar pão, eu comprava com
dois reais, oito pães. Hoje eu compro seis pães com dois reais. Se você colocar
no caderno, no papel, você vai ver a diferença."
O pão, leite e ovos são apenas alguns dos produtos que
tiveram alta nos preços no último ano. Segundo o índice de preços ao
consumidor, medido pela Fundação Getúlio Vargas, a FGV, os itens que compõem o
café da manhã tiveram alta de 14 virgula 64 por cento, nos últimos 12 meses. Um
número quase nove pontos acima da média prevista para o índice. De acordo com o
economista da FGV, André Braz, o principal vilão do aumento dos produtos é a
desvalorização do real e a alta do dólar de maio deste ano. Os principais
prejudicados são os alimentos derivados do trigo, os laticínios, a soja e o
milho. Só no primeiro semestre de 2013, o leite longa vida teve a etiqueta
aumentada em 30%. Já o pão francês subiu 12 virgula 45 por cento. O aumento do
preço do pãozinho foi provocado pela alta do preço do trigo importado, já que o
Brasil não é auto-suficiente nesta produção agrícola. Segundo o economista
André Braz, o aumento acima da inflação que aconteceu nos produtos prejudica
principalmente o orçamento das famílias de baixa renda.
"Quanto menos de
ganha, mais se compromete do orçamento com alimentação. Então qualquer alimento
básico que fique caro acaba onerando mais as famílias de baixa renda. O pão
francês, por exemplo, ele onera 0,8% da renda de famílias com o orçamento até
33 salários mínimos. Nas famílias mais modestas, que têm renda ate dois
salários mínimos e meio mensais, o pão francês já onera 1,9%, ou seja, mais que
o dobro que a média das famílias."
Ainda segundo o economista da FGV, André Braz, com a
instabilidade do valor do dólar ainda não há uma previsão para a redução dos
preços dos alimentos. Em contra partida, dois produtos da mesa do brasileiro
não tiveram aumento acima da inflação: o café e o açúcar. O café em pó subiu
apenas 1,43%, enquanto o açúcar refinado teve queda de 13,97%, em 12 meses.